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O possível está feito, o impossível há de se fazer

Vim de Bissau com 7 anos de idade acompanhada com dois irmãos meus, uma tia e seus oito filhos. Para trás deixei a minha mãe e os meus outros dois irmãos. Não foi fácil a partida - são sentimentos que me marcam até aos dias de hoje, apesar de ter a consciência que foi para o meu bem. Quando cheguei queria voltar logo. Mas fui vivendo e acostumei-me. As respostas da ausência foram aparecendo, tornando difícil ser totalmente de cá e não pensar em Bissau, tenho lá a minha mãe e penso nisso sempre - é uma ligação muito forte.
A batalha começou: queria resolver-me rapidamente, fazer tudo certo para não desiludir os meus e então foquei-me em mim. Queria justificar a minha imigração e fazer tudo para não me arrepender, quando olhasse para trás – também por isso, quando agarro os meus desafios agarro-os de verdade.
 
Fiz a minha escolaridade toda em Portugal e acabei o 12ºano em 2005. Com 12 anos comei a praticar Atletismo num clube do bairro - Clube Recreativo União Raposense no Monte da Caparica, em Almada. Bati recordes do Distrito de Setúbal na área da velocidade e fui várias vezes Campeã Nacional do 400m livres até ao escalão sub-23. A prática desta modalidade deu-me a possibilidade de fazer parte da Equipa Nacional de Estafeta 4*400 metros numa Competição Europeia e permitiu-me uma viagem ao Japão para uma competição; e também foi através do Atletismo que consegui a minha nacionalidade portuguesa.
 
Quando terminei o 12ºano entrei para a faculdade em Setúbal só que a situação financeira na altura não me permitiu continuar a estudar, apesar de já na altura trabalhar em part-time no McDonalds. Já com 23 anos decidi ir para tropa, a pensar que lá conseguia acabar os estudos. Só que entrei para os Paraquedistas e a formação foi muito mais exigente do que podia imaginar. No meio de 60 homens que incorporaram na altura esta tropa especial, era a única mulher e apenas 20 de nós terminamos o curso, porque muitos foram desistindo. 
 
Fiz nove meses de formação, a minha recruta, em Tancos e depois fui colocada em Tomar. Fiz duas missões no Kosovo e obtive dois louvores pelo meu desempenho e abnegação durante as missões. Aprendi a estar e a viver num espaço muito confinado e a ter poucos movimento, a lidar com mais pressão, com incertezas porque não sabíamos o que poderia acontecer no dia seguinte, e aumentei a minha capacidade de observação, concentrando-me em mim e no outro. Na vida militar amadureci e cresci muito, mas não consegui prosseguir os estudos devido à intensidade e exigência do meu trabalho e da instrução.
 
Saí da vida militar em 2015 e passei à situação de desempregada. Foi uma fase complicada e já estava a ficar preocupada. Mas sempre procurei estar ocupada. Comecei a mexer-me, a informar-me das formações e ia a tudo o que aparecia, até que descobri o CIOFE/Centro de Informação e Orientação para a Formação e o Emprego. Até que acabei por entrar, através da medida CEI/Contrato Emprego-Inserção, na Câmara Municipal de Cascais. Foi muito importante a minha entrada na CMC porque encontrei uma boa equipa, o meu chefe de serviço deu-me apoio, muita força, bons conselhos e motivação para não desistir - é tão bom termos alguém que nos olha e confia em nós sem nos conhecer e aceita-nos tal como somos e não vai à procura de um ‘canudo’. Também tenho tido oportunidade de trabalhar com outra equipa e de me aproximar da intervenção social e da formação, áreas que quero seguir futuramente.
 
Voltar a investir na minha formação superior é o começo da realização do meu sonho. Estou a tirar uma licenciatura em Serviço Social que é uma área de que gosto porque sempre me preocupei com questões sociais e gosto de estar com pessoas e saber se posso fazer alguma coisa para ajudar e contribuir para o seu bem-estar social. Quando terminar o meu curso gostaria muito de trabalhar na área. Mais, quando penso em Serviço Social penso em Bissau. Penso em fazer um trabalho de ligação entre Portugal e a Guiné Bissau - seria algo muito útil para um país que ainda está ‘muito verde’ em relação a essa profissão e acho que posso dar um grande contributo.
 
A minha prioridade será arranjar um trabalho em part-time e concluir o meu curso.
 
A. S.
 
(leia a história completa AQUI)
 

Cascais Digital

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