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Agatha Ruiz de la Prada

Agatha Ruiz de la Prada, que expôs de 9 de setembro a 9 de outubro cerca de duas dezenas dos seus vestidos preferidos na Casa de Santa Maria, destaca em entrevista o diálogo entre o interior deste edifício com as suas peças expostas. Mas de Cascais adora a arquitetura, sobretudo a Casa das Histórias Paula Rego: “É uma escultura”, diz a estilista que afirma não querer conhecer “gente fatal”, mas apenas “gente simpática, generosa, boa”.

É a segunda vez que expõe em Portugal. Desta vez em Cascais. Porquê?

Porque me ofereceram essa possibilidade há três anos. Sugeriram-me a exposição para o verão de 2016 e aceitei. Estou muito contente porque gosto muito de Cascais e não sabia que havia tantos museus. Da primeira vez que expus em Portugal fi-lo mas fui eu que tive de me mexer para conseguir expor. Desta vez foi mais fácil e estou muito contente porque esta é uma exposição muito descontraída, num sítio muito relaxante. Encanta-me a arquitetura da Casa das Histórias Paula Rego. É uma autêntica escultura. Muito bonita.

E porquê expor na Casa de Santa Maria?

Creio que o bonito desta exposição é o diálogo dos meus trajes com este edifício tão singular, com estes bonitos azulejos da Casa de Santa Maria. É um diálogo interessante neste edifício tão singular. Fiz na minha vida. Trouxemos 39 vestidos meus favoritos e o local como não é muito grande...

Qual foi o critério para a escolha dos vestidos expostos?

Estas peças fazem parte de uma coleção de dois desfiles. Um de Inverno e outro de Verão. São os meus trajes favoritos. São os melhores trajes que fiz na minha vida. Trouxemos 39 vestidos meus favoritos e o local como não é muito grande...

Quando fez o seu primeiro desfile?

Fiz o meu primeiro desfile aos 20 anos. Nessa altura vivia-se o movimento da Movida madrilena.

O que foi o Movimento “la movida”?

No final do franquismo Barcelona transformou-se no sítio mais moderno de Espanha, com vanguardistas e novas ideias. Mas, também em Madrid surge o movimento rock, aparecem uma série de pessoas com novas ideias, Pedro Amodovar é um exemplo. Madrid transforma-se num sítio divertidíssimo, louco. Vivi essa loucura com 19 anos na altura em que preparava o meu primeiro trabalho.

Começou logo por ser conhecida?

 Na altura conheciam-me, em Espanha, pelas formas bojudas dos meus vestidos que eram muito diferentes. Mas, fora de Espanha, conheciam-me pelas cores dos meus vestidos. Usava, nos meus trajes, formas como corações, ou rodas. Ainda assim, fora de Espanha, relacionava-se os trabalhos de Agatha Ruiz de la Prada com cor. Alegria, felicidade. Na América latina, por exemplo, muita gente relacionava a Agatha Ruiz de la Prada com a roupa feliz. É verdade que a cor ajuda muito a combater depressões

Como saiu do anonimato?

O Corte-Inglês foi muito importante porque no mundo da moda é necessário ter um estilo próprio, mas também publicitar a sua obra e comunicar. Porque se ninguém nos conhece, então não existimos. É muito importante que comuniquemos e é também muito importante a distribuição. Porque se não a quem se vende a obra? O Corte Inglês foi fundamental, posso mesmo dizer que sem o Corte Inglês não seria nada. Devo-lhe tudo. Era a estilista mais estranha, menos comercial de Espanha e o Corte Inglês transformou-me na pessoa que hoje sou, conhecidíssima. Hoje em dia são poucas as pessoas que não têm uma peça da minha autoria.

E como foi a sua infância?

A minha infância foi a de uma criança feliz. Era a neta mais velha. Os meus avós tinham tido uma grande vontade de ter uma neta. Fui muito mimada. Tudo o que lhes dizia parecia-lhes genial. Sofreu mais a influência do pai ou da mãe? Os dois influenciaram-me muito, mas talvez mais do meu pai que era arquiteto.

Como começou a sua carreira profissional?

Sou uma autodidata. Não tive apoio e a minha família não queria que eu tivesse seguido pelo mundo da moda, mas sempre existiu uma forte relação com o mundo da arte. No início apoiava-me muito nesse mundo. Fazia exposições em galerias de arte. Vem daí esta minha obsessão de exposições em museus, sempre tive uma grande obsessão pelo mundo da arte.

Há moda sem ser arte. Como se distingue uma da outra?

De uma peça de arte gosta-se agora e daqui a 20 ou 50 anos, enquanto que dum vestido que é moda só se gosta dele durante os próximos três meses. Há coisas que são um horror, mas quando entram na moda todos se encantam com ela.

Para si, o que significa moda feliz?

Os homens e as pessoas ligadas à moda gostavam muito da chamada mulher fatal. Uma senhora vestida de negro, fumando uma cigarrilha, mal-humorada, que se acabara de divorciar. Então, para os homens isso era a sensualidade. E vi muitos desfiles em que tudo era a reprodução da mulher fatal. Não quero conhecer gente fatal. Quero conhecer gente simpática, generosa, gente boa.

 

Cascais Digital

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