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Carlos Avilez

Em Cascais faz-se teatro com fé e saber.

Carlos Vitor Machado, ou como é mais conhecido, Carlos Avilez, nasceu em 1937. Estreou-se profissionalmente como actor, em 1956, na Companhia Amélia Rey Colaço- Robles Monteiro, onde permaneceu até 1963.
A conselho de Amélia Rey Colaço orientou a sua vida para a encenação. Assim, ainda em 1963, levou ao palco a peça A Castro, de António Ferreira, numa arrojada encenação que depressa lhe valeu o estatuto de “enfant terrible” do teatro português. Até fundar o Teatro Experimental de Cascais, em 1965, passou pela Sociedade Guilherme Cossoul, o Teatro Experimental do Porto e pelo CITAC – o Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra.
Trabalhou em França com Peter Brook e, na Polónia, com Jerzi Grotowsky. Entre 1993 a 2000 foi Director do Teatro Nacional D. Maria II, Director do Teatro Nacional de S. João e Presidente do Instituto de Artes Cénicas. Em 1993 fundou a Escola Profissional de Teatro de Cascais, onde é director e docente.
É Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, foi agraciadoA Escola Profissional de Teatro nasceu em 1992, no Teatro Experimental de Cascais.


Como surgiu a ideia de fazer esta escola?
Um dia, quando estávamos aqui a fazer o “Rei Lear” e, à tarde, o “Leandro, Rei de Helíria”, da Alice Vieira, tivemos uma marcação de 11 lugares. Achámos engraçado ter 11 pessoas a marcar. Era o Eng. Roberto Carneiro, na altura ministro, mais os filhos. Depois do espectáculo, ele veio falar comigo e fez-me uma pergunta insólita: “Você quer fazer uma escola de teatro?”. Eu disse: “Adorava fazer uma escola de teatro”. Na terça-feira seguinte telefonou a convidar-me para um almoço e daí saiu a Escola Profissional de Teatro - e o primeiro programa de escolas profissionais de teatro. A autarquia tornou-se logo parceira e, portanto, o Teatro Experimental de Cascais e a Câmara Municipal de Cascais, são os proprietários e os responsáveis por esta escola.


Foi importante o apoio da Câmara?
O apoio foi imediato e a Câmara nunca falhou: as instalações são da Câmara, todas as obras tem sido a Câmara a fazê-las. A relação tem sido sempre muita boa.


Se não fosse assim, o teatro e a escola provavelmente não existiam?
Já tinham acabado. Eu acho que o ministério portou-se mal comigo. Eu sempre cumpri, sei que fui um bom director do Teatro Nacional, fui director do Instituto de Artes Cénicas, fui director do Teatro S. João, fiz isso tudo e, de repente, o agradecimento foi este….[ em 1995, o Ministério da Cultura reduziu em mais de 50 por cento o subsídio à companhia e em Julho de 2000, Carlos Avilez foi demitido pelo Ministro da Cultura, José Sasportes, por ter sido nomeado Director do
Nacional pelo então Secretário de Estado da Cultura, Pedro Santana Lopes]. Foi uma grande perda para a Companhia. Estamos a falar de muitos anos de trabalho,
de uma companhia residente, que tem alguns elementos que foram e são professores na escola profissional de teatro. Já passaram pela escola grandes nomes do teatro, como José Costa Reis, na parte da cenografia, gente muito importante ligada à voz, como aprofessora Ana Ester Neves, uma grande cantora portuguesa, e o João Vasco, que é realmente um professor extraordinário. Assim, temos trabalhado e ajudado a sair daqui alunos com muito bons resultados.
 


Quantos alunos passaram pela escola profissional de teatro desde que abriu?
Anualmente são 120. É só multiplicar 120 por 18 anos. Mas um dos problemas que temos, e o Ministério ainda não reparou nisso, é a saída profissional dos
nossos alunos. Este ano, graças a um subsídio especial, três alunos tiveram possibilidade de ter um ano de trabalho. Um ano em que puderam trabalhar com grandes nomes, como Eunice Munõz. Isso foram saídas escolares a sério, e nós vamos ficar com eles por umtempo. Acho que nunca ninguém se preocupou rigorosamente com as saídas profissionais da escola de teatro. Não é [suficiente] arranjar esporadicamente um emprego. É preciso preocupar-se com as carreiras deles e ver a importância que têm. Se tivéssemos outras condições de subsídio do Ministério da Cultura,eu teria uma série de alunos de grande qualidade a trabalhar. Não tenho, porque não posso.


São muitos os jovens que se inscrevem na escola?
Muitos! Neste momento as vagas dadas pelo Ministério da Educação são 44. Nos anos anteriores, tínhamos 30 alunos de primeira categoria, daqueles que
são realmente muito bons. Este ano, excepcionalmente, tivemos muitos mais - e escolhidos temos 66, para 44 vagas. Quer dizer, escolhidos de grande qualidade. Não entra ninguém com uma média inferior a 13 ou 14. É uma prova de força , mas também o apogeu da escola.


Que provas fazem os alunos?
Primeiro, Português e Inglês. Fazem testes psicotécnicos e depois têm uma prova de corpo: Passam depois por uma prova de voz, com a professora Ana Ester
Neves e, a seguir, por um grupo, em que estou eu e o João Vasco e a professora Ana Ester para uma espécie de prova final... de talento. No fim, juntamos tudo e daí saiemos resultados. Temos critérios de selecção muito rigorosos, porque a profissão de actor é muito exigente. É um sacerdócio. É preciso gostar muito disto.


E a carteira profissional?
Devia existir. Às vezes abro a televisão, vejo aqueles jovens arepresentar e pergunto: mas isto são actores e actrizes? Estão a fazer-lhes mal.


Quantos anos tem como encenador?
Como encenador estreei-me em 1963, portanto tenho 48 anos.  Mas tenho 55 como profissional de teatro, porque fui actor. Como é que um homem da matemática, vai para o teatro? Eu penso que é preferível perguntar: como é que um homem de teatro pode ter feito matemática?! Eu sou fundamentalmente um
homem de teatro. Era bom aluno, tirei matemática, até por causa da minha família, e dei aulas para sobreviver. A matemática é importantíssima para tudo...
Agora, eu sou é um profissional de teatro.


E porquê Cascais?
Porque o João Vasco, que era de Cascais, pediu ajuda ao presidente da Câmara da altura, o Dr. Serra e Moura e foi assim que viemos para um teatro abandonado, o Teatro Gil Vicente. Quando vim para Cascais, não havia autoestrada, não havia nada. Levava-se três quartos de hora a cá chegar. Vir para Cascais, naquela
altura, é como ir agora para Castelo Branco. Estou em Cascais e não quero sair daqui. Cascais é a minha terra.
 


 (Entrevista in C - Boletim Municipal, nº 2, Setembro 2011)

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