CONTACTOS
Fale connosco
800 203 186
Em rede

mais pessoas

Alexandre Rippol
Alexandre Rippol “Há um fator mágico que nos impele ...
Margarida Bessa
Margarida Bessa “Uma boa ação por dia nem sabe o ...
José Roncon
José Roncon “Ser voluntário é aquilo que nós ...

Está aqui

Inês Baltazar

Talhante de salto alto

Loira, esguia, um toque de rímel, unhas vermelhas e sorriso aberto. Inês não é exatamente o tipo de presença que nos habituámos a encontrar nos que são responsáveis por um trabalho duro e difícil.
Entre peças de carne prontas a ser desmanchadas, balanças e facas afiadas, Inês recebe o ‘C’ numa das manhãs em que, duas vezes por semana, ajuda o pai no Talho Baltazar.
É sexta-feira e enquanto aguarda pela senhora que há de ficar, o resto do dia, a tomar conta da sua filha.
Inês Baltazar deixa tudo carinhosamente preparado para a pequena Madalena: do biberão às minúsculas roupinhas de uma bebé que nasceu prematura e que veste apenas o tamanho três meses. “O nascimento da Madalena foi um tempo complicado, mas é a melhor coisa do mundo”, rejubila Inês.
Ainda não são 09h00, e a talhante já vai a caminho do negócio fundado pelo pai, José Baltazar, e que orgulhosamente exibe o nome da família.
Foi precisamente neste espaço que, com apenas 13 anos, Inês começou a aprender o ofício.
Depois de um ano letivo que não correu como o esperado, o pai achou que os meses de verão passados a ajudar no talho fizessem Inês mudar de ideias, motivando-a a estudar. Enganou-se.
Desde o principio que Inês gostou genuinamente de arte de desmanchar carne, dos cheiros do talho e, claro, de atender e lidar com os clientes.
Depois de perceber que este era o futuro que a filha queria, José Baltazar só impôs uma condição para que Inês pudesse fazer dupla consigo: completar o 12º ano. E assim foi. Até hoje.
Inês é mãe solteira e, como tantas outras mulheres e tantas outras mães, a vertente profissional, no talho na Feira de Tires, é apenas uma pequena parte de uma vida de trabalho que se estende à lida da casa e ao acompanhamento da filha.
Enquanto conversamos, Inês trata da loja, descarrega as carnes, arruma as montras, recebe fornecedores, atende os clientes.Tudo sempre com um sorriso.
A atitude denuncia o gosto com que faz as coisas, apesar de ser um trabalho “exigente e duro fisicamente. Mas já tem clientes fixas, que, por causa do seu ar “doce”, fazem questão de ser atendidas por ela. “Talvez porque tenho outra sensibilidade. Porque sei o que custa em casa ainda estar a partir, desossar e tirar as peles, percebo que ao arranjar as carnes não estou só a fazer o meu trabalho, também estou a ajudar.”
Quanto ao negócio, Inês admite que já viu melhores dias. A culpa, claro está, é de uma velha conhecida de todos: a crise. “Não está fácil. Notamos que a crise afetou muita gente, principalmente os que têm menos.” Mas não é isso que corta os sonhos e dos desejos de Inês.
Para o futuro, ambiciona tirar a carta de aprendiz de cortador, para subir na categoria e chegar a encarregado (1º oficial, topo da carreira de talhante) e, quem sabe, seguir o negócio do pai.
Quanto ao futuro da filha, “se quiser seguir as pisadas da mãe, tem todo o meu apoio. Tem é de ter a noção que é um trabalho duro e difícil.” Mas no fim do dia, só sobra um desejo que Inês personifica: que seja feliz, no que quer que queira fazer.”

Cascais Digital

my_146x65loja_146x65_0geo_146x65_0fix_146x65360_146x65_0my_146x65loja_146x65_0geo_146x65_0fix_146x65360_146x65_0