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Crónica de uma catástrofe anunciada

Uma catástrofe abate-se sobre o CascaiShopping e faz mais de vinte feridos. É uma ficção, mas podia ser verdade.

São dez da manhã no CascaiShopping, uma voz feminina, serena mas firme, anuncia o encerramento do espaço comercial, “por razões técnicas” aconselhando os visitantes a abandonar aquele espaço comercial seguindo as indicações dos seguranças. O anúncio colhe de surpresa talvez largas centenas de pessoas que aproveitavam a manhã naquele espaço comercial. Apesar da firmeza da comunicação é a sua repetição que vai produzindo efeito. Numa cafetaria o funcionário continua a servir os clientes, mas rapidamente um segurança avisa: “É mesmo para fechar tudo”. Os funcionários das lojas começam a fechar as portas.

Neste momento passaram já cerca de dois minutos desde que o primeiro aviso foi feito, dando início a um simulacro. Supostamente um fenómeno atmosférico teria provocado no CascaiShopping a queda de algumas estruturas e um incêndio num dos pisos. Mas a ficção, que a proteção civil preparou meticulosamente, começa exatamente aqui, porque, até este momento, a surpresa de muitos dos intervenientes neste simulacro, os visitantes do Shopping, é absolutamente real e, ainda assim, sem sinais de pânico, a evacuação do espaço faz-se em aproximadamente cinco minutos. Já não há vivalma naquele espaço comercial a não ser a equipa de seguranças que faz o levantamento da situação. O Comando da Proteção Civil foi informado e a informação entra no circuito para todos os protagonistas da proteção civil de tal forma que, cada um, ponha em prática o seu próprio plano de ação.

Voltando ao local da crise, começamos a ouvir gritos e pedidos de ajuda. Há mais de vinte feridos. Para que o efeito do simulacro fosse ainda mais real, os alunos da Escola Profissional de Teatro de Cascais e colaboradores da Câmara Municipal, amadores no grupo teatro do Centro de Cultura e Desporto do município encarnam esse papel de vítima.

Ainda assim a ficção não foge ao guião de um cenário verdadeiro. Apesar de maquilhados e isso ser percetível, a performance dos atores, os gritos lancinantes dos feridos, o choro aflitivo dos atores cria um ambiente real de crise, de pressão psicológica mesmo para o bombeiro experiente e informado. Antes que os primeiros apoios exteriores cheguem, os serviços de segurança do centro têm já todo o levantamento da situação feito e a localização dos feridos.

Passaram, entretanto, cerca de dez minutos. Chega o primeiro apoio de bombeiros. As portas são franqueadas e um dos grupos dirige-se, de imediato, para o local onde deflagrou o incêndio. Há um outro que recebe a informação dos funcionários de segurança e inicia a primeira triagem, identificando o estado dos acidentados, prestando os cuidados básicos e classificando os feridos segundo as prioridades 1,2 e 3. Faz-se a retirada dos feridos para ambulâncias que os transportam para uma tenda entretanto montada no parque de estacionamento com capacidade para prestar cuidados de suporte básico de vida. Os mais críticos seguem para o Hospital de Cascais, e o caminho vai sendo desimpedido pelas forças da GNR e da Policia Municipal, estrategicamente espalhadas no trajeto.

A primeira ambulância chega ao Hospital e é recebida por uma equipa de médicos, enfermeiros e auxiliares, todos e uma batuta…. numa sala, talvez não mais de 15 metros quadrados, duas mesas altas e um placard, sem cadeiras, uma médica segura religiosamente um telemóvel por onde transmite instruções: “Preciso de um…” e lá refere a especialidade, e quem está disponível avança. Do outro lado, um outro médico recebe instruções exteriores que transmite. Há ali uma sincronia que parece funcionar em harmonia, porque o ritmo é marcado pela cadência da chegada das ambulância e, apesar de se tratar de um simulacro, a realidade impõe-se porque, na chegada das ambulâncias, chamemos-lhe de ficção para facilitar, uma outra ambulância real chegava e ali mesmo teria de ser feita uma reanimação… e fez-se. Porque, a vida continua…   

HC

Cascais Digital

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