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Da Rússia com amor | “From Russia With love”

Mesmo quem não acompanha muito o “desporto rei” vive, por estes dias, uma espécie de febre de futebol. Disputado na Rússia, o Mundial 2018 vive-se muito intensamente no seio da comunidade de residentes oriundos dos países da antiga URSS.

De acordo com as estatísticas disponíveis no portal público de informação Cascais Data, residem em Cascais cidadãos de 131 nacionalidades diferentes, entre as quais se contam nacionais de 10 países da antiga URSS.

Ao todo, foram emitidas, para estes cidadãos, em 2016, um total de 1991 autorizações de residência, na sua maioria mulheres (1191). Uma comunidade que representa 10% do total de residentes estrangeiros no concelho.

Iana Pskhatsieva trocou, há 17 anos o Uzbekistão por Cascais, tanto quanto o tempo que passou na sua terra natal e, aos 40 não hesita em dizer: “Cascais é a minha terra!”

Aqui é responsável por uma janela aberta de Cascais para a Rússia: o Bereska – que significa bétula, espécie arbórea símbolo nacional por ser muito abundante no território da antiga União de Repúblicas Socialistas Soviéticas - um minimercado cujos produtos viajam milhares de quilómetros para satisfazer clientes, originários da Ucrânia, Roménia, Moldávia, Uzbequistão, e outros países daquela zona do globo.

Natascha, natural da Moldávia, está entre esses clientes e realça que embora a nível político e administrativo a antiga URSS se tenha separado em múltiplos países, a nível gastronómico a unidade mantém-se: “estes são produtos que nos lembram o nosso país, pois mesmo sendo de países diferentes temos uma comida igual”, diz.

Mais do que ponto de abastecimento, o supermercado é também um local de cultura onde se disponibilizam jornais em russo e se fala russo, pois a língua é outro fator de união: “Moscovo foi a nossa capital durante muito tempo e todos nós falamos russo, embora falemos línguas dos nossos países”.

E o que pensam estas cascalenses de origem soviética do Mundial de Futebol que por estes dias foca todas as atenções na Rússia?

“Para nós é bom porque toda a gente está a falar na Rússia e assim ficam a conhecer melhor as nossas tradições, os nossos costumes e gastronomia”, explicam Iana e Natascha. Ficamos, por exemplo, a saber que a kalinka não suplanta Alla Pugacheva, cantora russa que representou o país no Festival Eurovisão em 1997. Tremoços ou caviar?

Mas por quem torcem quando as seleções entram em campo? Portugal ou Rússia?

“Ui… isso é difícil”, começa por dizer Iana, mas acaba rendida ao país que a acolheu: “Portugal”. E se é de futebol que falamos por estes dias, quisemos saber qual o acompanhamento de um bom jogo com amigos...

Em vez de tremoços e amendoins, é mais provável encontrar um adepto russo a roer crouton (quadrados de pão frito) com sabor a caviar preto ou vermelho ou a caranguejo.

Há também quem prefira pickles, que no Bereska ocupam uma parte substancial do espaço disponível para os produtos.

O acompanhamento varia consoante a bebida que se estiver a consumir. Por cá a imperial pede amendoins ou tremoços, nos países da antiga URSS, a cerveja acompanha com lascas lulas, anchovas, filetes de brema ou de cavala, tudo seco e salgado, num processo semelhante ao que utilizamos para conservar o bacalhau.

Na Rússia há muito quem prefira vodka à cerveja, mas, nesse caso, acompanha com umas lascas de arenque salgado ou pepino em salmoura. O caviar não entra no menu dos jogos de futebol, a não ser que a carteira seja bem recheada, pois uma embalagem de 50g pode custar quase de 60 euros.

Em dias normais, o produto de eleição são os “panmenya” “tipo ravioli, mas mais saborosos”, diz Natascha, ao que Iana acrescenta: “até já temos muitos clientes portugueses que gostam deste produto”, ou seja, massa recheada com carne que se apresenta em vários sabores.

“From Russia with love”, “da Rússia com amor”

E que outros produtos podemos encontrar? Pickles que gozam de grande preferência entre os russos e ocupam uma parte substancial dos 30 metros quadrados do Bereska. Há também pepinos em salmoura e arenque salgado.

Encontram-se também todos os ingredientes para confecionar o prato nacional “Olivie” ou salada russa, que Iana e Natascha preparam habitualmente com carne, pepino salgado ou marinado, ovo, cenoura, batata e ervilha de conserva, tudo envolto em maionese. Por curiosidade procuramos produtos diferentes dos que se encontram em Portugal, e encontrámos Grechka ou trigo sarraceno e Kefir, leite com fermento.

Mas há também outros que a gastronomia mundial impõe em qualquer lado como Pryaniki (pão de mel), Plombir (gelado de baunilha), Helibodar (rosquinhas de baunilha), Pivo (cerveja) ou Ukrop, funcho.

Para quem gosta de comida internacional fica a sugestão de provar os Waremiki, espécie de noodles que se come com natas e se apresenta em vários sabores: cogumelos, cereja ou queijo.

Tudo isto numa terra que conquista gente de todas paragens, muito por causa do “more”, como se diz mar em russo.

FH/MCB

 

Cascais Digital

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