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A primeira faroleira e a primeira militar do ISN

A iniciativa “Trabalhos de Mulher” juntou no Farol Museu de Santa Marta a primeira mulher faroleira portuguesa, Maria Goretti Oliveira, e a primeira mulher militar a integrar o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), Olga Marques. O pretexto para uma conversa informal, na tarde desta quarta-feira, foi o Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março.
Apresentaram-se de farda, como manda o protocolo militar. As duas militares integram a Marinha Portuguesa. Maria Goretti Oliveira e Olga Marques falaram para uma sala cheia, na maioria mulheres e de todas as idades, sobre as suas atividades. A juventude das convidadas surpreendeu a assistência. É que quando a referência é a primeira mulher faroleira ou a primeira mulher militar no ISN, julga-se que a idade pode já ser mais avançada. Mas, não. Olga Marques tem 28 anos e Maria Goretti Oliveira, 39.
 
Com pouco mais de 20 anos, a açoreana Maria Goretti decidiu seguir a área militar e inscreveu-se no curso de faroleiro. Na altura, em 2003, era uma atividade desempenhada apenas por homens. “Durante o curso soube que não havia mulheres faroleiras”, explica quando questionada pela coordenadora do Farol Museu de Santa, Inês Fialho Brandão, mediadora deste encontro. “Um faroleiro é polivalente. Faz toda a manutenção do farol, desde apertar um parafuso, mudar lâmpadas, funções de secretaria, recolha de água ou medição do vento”, esclarece dizendo que “há oficinas inteiras dentro dos faróis para que nada falte ou falhe”. Começou a profissão no Farol de Santa Maria, nos Açores. “Um faroleiro vê naufrágios, está no centro de tempestades, furacões”, adianta. A responsabilidade deste profissional é manter a luz do farol acesa e comunicar ocorrências. Com turnos de sete dias e de 24 horas, durante dois anos e meio, Goretti recorda que “esta é uma atividade solitária, mas hoje a Internet aproxima-nos de amigos e família. Podemos ler, tirar fotografias ao céu e estar ao telemóvel”. Estuda Ciências Sociais no ensino universitário sem perder o rumo da sua ambição: “ser faroleira-chefe”, há apenas quatro em Portugal. Hoje em dia os faróis estão ligados à rede pública elétrica e são automatizados. Dos Açores para o continente, Goretti está há quatro anos na Direção de Faróis de Portugal, em Paço de Arcos.
 
Olga Marques, lisboeta, também está em Paço de Arcos, no Instituto de Socorros a Náufragos. É responsável por auditorias, certificações e chefia uma equipa de oito homens, mais velhos que ela. É licenciada em Educação Física e mestre em Exercício na Saúde e até foi treinadora de raguebi, mas “o meu objetivo foi sempre seguir uma carreira militar na Marinha. Tinha um fascínio por navios, ainda que não tenha qualquer familiar militar”. Depois de passar nos testes para a Marinha Portuguesa, candidatou-se a um concurso para o Instituto de Socorros a Náufragos, até porque também já tinha a formação de nadadora-salvadora. E em 2013 tornou-se a primeira militar portuguesa a integrar o ISN.
 
Durante uma hora e meia, as duas militares, que aqui se conheceram, conversaram com o público presente numa partilha de experiências e de ambições. Quando questionados sobre se hoje mudariam de profissão, a resposta foi imediata:"Não e deixamos aqui um incentivo às mulheres para que sigam um caminho que, tradicionalmente, é de homens". 
 
O objetivo desta iniciativa foi "celebrar a diversidade de trabalhos que as mulheres podem desempenhar, as capacidades de liderança, de comunicação e de gestão de tempo", adiantou a cordenadora do Farol Museu de Santa Marta, seguindo depois para uma visita ao farol para que as convidadas desfrutassem da vista priveligiada sobre a costa e o mar de Cascais. 
 

 

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