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Mariana van Zeller

Nasceu em Cascais em 1976. Estudou Relações Internacionais e trabalhou como estagiária na SIC. Chegou a ter um programa de viagens na SIC Notícias, mas percebeu de imediato, que o que a fascinava mesmo como jornalista não era dar a conhecer destinos exóticos, mas a possibilidade de contar histórias e eventos que tivessem um impacto sério na vida das pessoas.


Foi por isso que depois de terminar o curso de jornalismo decidiu ir viver por conta própria para a Síria. Uma aventura… Passado um ano, e quando já estava a acontecer a Guerra no Iraque, fui para a Síria, como jornalista independente. Totalmente por minha conta. Parti em busca de histórias sobre os grupos armados sírios que, junto à fronteira com o Iraque, alimentavam a jihad contra as forças militares internacionais.


Mas porquê a Síria?


Porque era o país próximo do Iraque e onde não colocaria a minha vida em risco. Tinha 26 anos, pouca experiência como jornalista, não conhecia a língua, nem nunca tinha vivido no meio do oriente. Aventurei-me. É óbvio que não entrei na Síria como jornalista porque isso não é possível a não ser com uma permissão especial. Oficialmente, entrei na Síria como estudante que estava no país para aprender árabe.


Os seus propósitos, porém, eram muito diferentes…


Claro. Ninguém - exceto o meu namorado, hoje meu marido, Darren Foster, um ame-ricano que conheci na Universidade de Columbia – conhecia o meu verdadeiro objetivo. Vivi durante oito meses uma vida secreta a tentar procurar histórias. Na altura, o mundo ainda não conhecia bem a atividade destas milícias. Um dia o Darren foi visitar-me à Síria e convenci-o


a fazer uma reportagem sobre estas milícias. A reportagem acabou por ser transmitida no Channel 4, no Reino Unido, e o sucesso levou outros jornalistas a investigar estes militantes não iraquianos que lutavam contra a invasão das forças americanas. A partir dali deixaram


de ser anónimos, passaram a ter nome. Foi a primeira vez que fui paga por fazer uma reportagem. E foi um grande orgulho para mim e para o meu marido.


 É mais fácil trabalhar como ‘infiltrada’ ou assumidamente como jornalista?


É muito mais fácil trabalhar como jornalista a descoberto. Como repórter da National Geographic, lugar que hoje ocupo, estou na classe dos “issue under cover”, isto é jornalismo de investigação direcionado para questões como tráfico de droga, tráfico sexual, entre outros. Porém, nas minhas reportagens e entrevistas prefiro muito mais ser eu mesma. O problema é que para investigar determinados assuntos só conseguimos lá chegar assumindo um disfarce. Nestas situações temos de estar dispostos a fingir que somos alguém que, na realidade, não tem rigorosamente nada a ver connosco. Ainda há pouco tempo, numa investigação sobre grupos que exploram ilegalmente as mulheres em Las Vegas, tive que “vestir” o papel de uma mulher brasileira disposta a entrar naquele mundo.


Ser mulher ajuda no seu trabalho como jornalista?
Ser mulher é uma vantagem.


Porquê?
Porque normalmente as mulheres não são vistas como uma ameaça. Como jornalista, sou muito curiosa, mas nunca faço abordagens agressivas, mesmo que não concorde a 100 por cento com o que se está a passar. Esta caraterística permite-me, de certa forma, desarmar o meu interlocutor.


Uganda, Síria, Nigéria. Olhando para os carimbos dos países no seu passaporte, podemos dizer que adrenalina é aliciante para si?


Não é de todo a adrenalina que me faz trabalhar em cenários como estes, mas é a motivação que sinto em contar histórias que estão subvalorizadas, a que ninguém no jornalismo deu atenção. São histórias desconhecidas da maioria das pessoas mas que ao serem denunciadas e expostas sob o ponto de vista da investigação jornalística podem fazer a diferença no mundo.
Sinto o meu trabalho como uma missão. Se queremos dar algo de nós aos outros temos que levantar o véu que esconde a verdade dos factos. Para fazer isso temos de sair da nossa zona de conforto, temos de pôr as “botas no chão”, ir para o terreno, mostrar ao mundo em que condições vivem e sobrevivem pessoas como nós.


Apesar desta pergunta parecer paradoxal, porque vivemos na era das tecnologias, acha que o mundo deixou de fazer as perguntas certas?


Acho que hoje, nós jornalistas, tendemos a subestimar o nosso trabalho. Achamos que as pessoas não estão muito interessadas em assuntos importantes. Mas é errado pensar assim porque existe de facto mercado para documentários. Vivemos numa altura em que proliferam os reality shows, o que nos leva a pensar que os jovens preferem este género de programas. Isso não é verdade. Tive um programa de documentários na Current TV, e ainda hoje recebo


mensagem de jovens que vivem nos Estados Unidos que falam no impacto que essas reportagens tiveram na sua vida. Gosto que as pessoas que veem os meus documentários se questionem sobre o mundo em que vivemos. É assim que entendo o meu trabalho como jornalista.


 Nas suas reportagens por todo o mundo depara-se com situações dramáticas que a devem pôr à prova como profissional e como pessoa. Como é que gere essa distância que a profissão exige?


Sou, por natureza, uma pessoa bastante emocional. Ainda mais desde que fui mãe há dois anos e meio e por isso sinto agora mais dificuldade em fazer reportagens sobre mães e crianças em situações complicadas. Mas por outro lado também é verdade que a maternidade trouxe ainda mais força às minhas reportagens. Quando estou a trabalhar tento manter a distância possível. Penso sempre: “não sou eu e os meus sentimentos que contam neste momento”. Mas também não sou o tipo de pessoa que acha que um jornalista consegue ser 100 por cento objetivo. Quando trabalho em “certos cenários”, e chego a casa, nem sempre consigo desligar de imediato do trabalho. Talvez seja esta mais uma razão porque penso


que ser jornalista é a minha missão.


 Há alguma reportagem que queira muito fazer?


Há muita… Adorava fazer uma grande reportagem sobre a Europa, especialmente sobre a situação portuguesa. Aqui nos Estados Unidos há uma grande curiosidade sobre a Europa, mas muito pouco conhecimento sobre o que significa ser cidadão europeu ou o que une os países da europa, ou qual o impacto das políticas que estão a ser agora implementadas. Quando estou com os meus amigos sinto-me uma embaixadora do meu país. Percebo que os deixo curiosos mas também percebo que conhecem muito pouco de Portugal… embora quase todos


falem do Cristiano Ronaldo [risos]. Quando estou com os meus amigos tento convencer toda a gente que o meu país é o melhor do mundo.


 Arrepende-se de não ter contado algumas histórias?


Todos os dias! [risos] Quando abro o jornal ou ligo a televisão vejo coisas que gostaria de ter


contado. Pergunto-me sempre: “Mariana, como é que foi possível, isto estava mesmo debaixo do teu nariz?”. Ainda assim, há sempre um ângulo da história que ainda não foi explorado ou alguma maneira de aprofundar mais o assunto de forma a obter resposta às questões que ainda não foram feitas.


 Os jovens são hoje a faixa etária da população que em Portugal está a ser mais afetada pelo desemprego. Que conselho daria a um jovem que acaba de sair da universidade?


Diria que deve seguir sempre os sonhos - mesmo que à primeira tentativa não resulte. Há sempre uma forma de lá chegar. No meu caso foi sempre essa a atitude que adotei, juntamente com muito trabalho e algumas oportunidades que vieram ao meu encontro e me


colocaram no caminho certo para alcançar os meus objetivos. Mesmo se à terceira tentativa não tivesse conseguido entrar para Columbia, tenho a certeza que nunca ia desistir


deste meu sonho. Quando estive na SIC Notícias a maioria das pessoas achava que eu já tinha uma ótima situação. E, de facto, já trabalhava como jornalista, tinha oportunidade de viajar, uma família que adorava. Podia-me ter resignado, mas o sonho de fazer o curso de jornalismo em Columbia e dar início a uma carreira internacional gritava dentro de mim. Não o podia ignorar. E, assim, contra todos os argumentos que apontavam a minha sorte da altura, comecei a pensar que só se vive uma vez e por isso decidi arriscar.


 A Mariana vai estar em Portugal como uma das oradoras convidadas da edição de 2013 das


Conferências do Estoril. É uma das mais jovens personalidades a integrar um elenco de estrelas como Gorbachev ou Frederik De Klerk. Por tudo o que já viu e viveu em diversos países do globo, que mensagem gostaria de deixar aos líderes mundiais?


O que tenho a dizer serve tanto para jornalistas como para políticos: “put boots on the ground” [vão para o terreno]. Formar opiniões ou tomar decisões quando apenas conhecemos a realidade a partir da secretária onde nos sentamos todos os dias não tem nada a ver com a


realidade das pessoas. Quando os políticos tomam decisões devem ter consciência dessas diferenças para que não cometam erros que possam ter consequências desastrosas na vida de milhões de pessoas.


 E Cascais? Qual era a reportagem que gostaria de fazer sobre Cascais?


Gostaria muito de um dia fazer um documentário histórico sobre Cascais. O meu pai conhece Cascais como ninguém e quando começa a contar histórias da sua infância em Cascais sinto uma vontade irresistível de mostrar ao mundo a minha terra, as suas gentes, as famílias europeias, algumas da realeza. Gente que escolheu Cascais para viver em períodos da história


nos quais teria arriscado a sua vida se tivesse permanecido no seu país. E ainda gostava de dizer mais uma coisa: já viajei pelo mundo inteiro mas continuo a achar que Cascais é o melhor sítio do mundo. Espero um dia voltar para a minha terra.


REPORTAGENS PARA


VER NO YOUTUBE:


Sex for sale American escort;


Missionaries of hate;


Immigrants Searching for a


better life; Rebels in the pipeline;


The Oxycontin express; Os


luxos dos narcotraficantes.


 


 C - Boletim Municipal|18 de abril de 2013


















































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